Brasileiros descobrem segredos para velhice saudável

Brasileiros descobrem o segredo para uma velhice saudável 

Expectativa de vida chegou a 73 anos impulsionada por avanços na saúde e ampliação dos cuidados | Foto: Shutterstock
Expectativa de vida chegou a 73 anos impulsionada por avanços na saúde e ampliação dos cuidados | Foto: Shutterstock

OMS propôs a Década do Envelhecimento Saudável para transformar a forma como o mundo lida com a população idosa

O aumento da longevidade é um fenômeno global que tem transformado a demografia de muitos países, fator impulsionado por avanços na medicina, melhorias na nutrição, maior acesso à informação e ampliação dos cuidados de saúde. Dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) mostram que a expectativa de vida global chegou a 73 anos em 2021 e deve continuar a crescer. Esse aumento reflete uma série de fatores que têm contribuído para ampliar a longevidade e a qualidade de vida. 

No Brasil, a configuração da população passou por mudanças profundas na última década. Em 2012, os dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) apontavam que o número de brasileiros com mais de 60 anos somava 25,4 milhões de pessoas. Hoje, são mais de 31,2 milhões – 14,7% da população total. E um dos fatores para isso se deve à melhoria da qualidade de vida da população, principalmente entre as faixas da população com maior poder aquisitivo, com a redução do número de mortes causadas por problemas crônicos de saúde, como doenças cardiovasculares e acidente vascular cerebral.  

O aumento expressivo da população idosa, especialmente nas regiões Sul e Sudeste do Brasil, reflete uma tendência mundial do aumento da longevidade em países da Europa, nos Estados Unidos e na Ásia. 

Década do envelhecimento saudável

O envelhecimento populacional desafia sociedades em diversas frentes e, diante desse cenário, foi lançada a Década do Envelhecimento Saudável (2021-2030), liderada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) e apoiada pela Organização das Nações Unidas (ONU). O objetivo é transformar a forma como o mundo lida com a longevidade, promovendo uma vida digna, ativa e saudável para os idosos. 

Com uma estimativa de que, até 2030, uma em cada seis pessoas no mundo terá 60 anos ou mais, a campanha busca engajar governos, sociedade civil e o setor privado em ações coordenadas para criar ambientes inclusivos e cuidados de saúde que respeitem a individualidade dos mais velhos.  

As políticas propostas pela campanha da OMS vão além das questões de saúde, abrangendo mudanças sociais, culturais, econômicas e ambientais que impactam diretamente na qualidade de vida das pessoas – como o combate ao ageísmo (estereótipos e preconceitos em função da idade), adaptação dos espaços urbanos e a integração dos cuidados de saúde. 

Público diversificado 

O Relatório Mundial sobre Envelhecimento e Saúde, da OMS, publicado em 2015, traz uma série de recomendações sobre como trabalhar com as pessoas da terceira idade, em diferentes países, e destaca que esse público é muito heterogêneo, o que vem provocando uma mudança nas percepções de saúde e envelhecimento. Enquanto há adultos com mais de 80 anos com boa capacidade física e mental, há aqueles que já apresentam declínios significativos antes mesmo dessa fase. 

Margareth Chan, diretora geral da OMS na época da publicação do documento, destacou que a perda das habilidades associada ao envelhecimento costuma estar relacionada à idade cronológica das pessoas. Não existe um idoso “típico”, segundo ela. “A diversidade das capacidades e necessidades de saúde dos adultos maiores não é aleatória, e sim advinda de eventos que ocorrem ao longo de todo o curso da vida e frequentemente são modificáveis”, enfatizou.

Dicas para uma velhice mais saudável e feliz 

1 – Atividade física 

A prática de atividades físicas regular e com supervisão é a principal aliada da qualidade de vida em todas as fases. Após os 60 anos, os exercícios resultam no fortalecimento dos músculos e dos ossos, aumentam a capacidade respiratória e ajudam a prevenir doenças como hipertensão, diabetes, cardiopatias, AVC, osteoporose, para citar apenas alguns exemplos. 

2 – Alimentação saudável 

A dieta deve priorizar alimentos ricos em fibras e com baixo porcentual de gorduras. Frutas, verduras, laticínios, legumes, grãos e carnes magras são importantes no cardápio. A suplementação de vitaminas também pode ser uma opção, mas deve ser orientada por um profissional de saúde. 

3 – Memória em dia 

A saúde só é completa quando corpo, mente e emoções estão bem. Doenças neurológicas que podem aparecer ao longo da vida podem ser prevenidas ou retardadas ao manter a mente ativa. Realizar trabalhos voluntários, atividades que contribuem para aprimorar os talentos, cursos de idioma, leitura e exercícios que estimulam a memória e o raciocínio (quebra-cabeças, palavras cruzadas, xadrez) são algumas alternativas que ajudam muito.  

4 – Convívio social  

Em qualquer fase da vida, é necessário se sentir útil e pertencente a um grupo. Após os 60 anos, quando as obrigações profissionais vão ficando em segundo plano, manter as relações familiares e sociais é ainda mais relevante para manter a autoestima.  

5 – Espiritualidade 

Estudo da University College London (UCL), no Reino Unido, apontou que gostar de viver contribui para viver mais e melhor. Ao contrário de religiosidade, que é a fé em algo superior, a espiritualidade está ligada ao autoconhecimento e promove a autorrealização e a busca de respostas que a ciência não é capaz de oferecer.  

O aumento da longevidade representa não apenas um desafio, mas também uma oportunidade para repensarmos a forma como vivemos e cuidamos da nossa saúde ao longo da vida. A Década do Envelhecimento Saudável, liderada pela OMS, nos lembra da importância de promover um envelhecimento digno e ativo, ao mesmo tempo em que enfatiza a diversidade e as necessidades específicas da população idosa. 

Podemos não apenas melhorar a qualidade de vida na terceira idade, mas também contribuir para uma sociedade mais inclusiva e respeitosa com todos os seus membros, independentemente da idade. Assim, é fundamental que todos — governos, organizações e cidadãos — se unam para construir um futuro em que cada etapa da vida seja valorizada e celebrada.