Dados coletados pela Associação Nacional das Empresas de Transportes Urbanos (NTU) em 171 cidades brasileiras, mostraram que não existe uma correlação entre as viagens realizadas por passageiros do transporte coletivo e os novos casos de covid-19. O levantamento é resultado de um trabalho pioneiro e fundamental para o esclarecimento da sociedade e de autoridades públicas.
O coordenador do Núcleo de Transporte da NTU, Matteus Freitas, ressalta a necessidade de se esclarecer que o risco de transmissão da Covid-19 no transporte coletivo é o mesmo verificado em qualquer outro ambiente público, como supermercados, restaurantes e igrejas, por exemplo. “Não podemos, de forma alguma, afirmar que a probabilidade de contaminação no transporte coletivo é maior do que aquela observada em outras atividades ou locais”, enfatiza.
Freitas destaca que, desde o início da pandemia, as empresas de ônibus adotaram protocolos sanitários e outras medidas de segurança que resultaram na redução dos riscos de transmissão da doença.
É o caso da obrigatoriedade do uso de máscaras pelos colaboradores (motoristas, cobradores); a disponibilização de álcool gel; aumento dos níveis de ventilação no interior dos ônibus; reforço na higienização de toda a frota de ônibus com produtos específicos; afastamento de colaboradores que pertencem a algum grupo de risco; controle de pessoas assintomáticas; testagem dos colaboradores e ações de divulgação de informações relacionadas à prevenção da covid-19.
“Ao mesmo tempo, em várias localidades, o poder público municipal atuou de forma a exigir a obrigatoriedade do uso de máscaras por toda a população e determinou uma oferta de serviço de transporte público coletivo superior à demanda, exigência que foi cumprida pelas operadoras. Esse conjunto de medidas garantiu maior proteção para as pessoas e distanciamento social no transporte coletivo”, pontua Freitas.
De acordo com o coordenador, a inexistência de estudos e pesquisas com embasamento científico sobre os reais riscos da covid-19 relacionados ao transporte público coletivo foi a principal responsável pelo segmento acabar levando, equivocadamente, a culpa pelo crescimento no número de casos. “Isso gerou grande repercussão negativa nos meios de comunicação, assustou as pessoas e levou a decisões restritivas de pouco efeito prático por parte de muitos órgãos gestores de transporte público no Brasil, prejudicando o funcionamento do sistema de mobilidade urbana das cidades e prejudicado a realização de atividades essenciais”, analisa.
Freitas relembra que, em março, logo no início da pandemia, a NTU convocou todas as empresas associadas e entidades filiadas para unirem esforços por meio da adoção de ações emergenciais de enfretamento a pandemia da covid-19.
Outra nota técnica elaborada pela NTU, intitulada “Evidências sobre infectologia, propagação e impactos da COVID-19 no transporte público”, apresentou um amplo levantamento bibliográfico sobre o tema, a nível internacional, e não identificou um conjunto de evidências que seja suficiente para atribuir ao transporte coletivo nenhum papel de foco de contágio e disseminação do novo coronavírus. “Contrariamente, verificou-se que o desconhecimento sobre a propagação da covid-19 tem provocado reações desproporcionais e promovido exageros em todo o mundo”, avalia.
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