Como a educação pública se torna o motor da renda e da Justiça Social

Como a educação pública se torna o motor da renda e da Justiça Social

Prefeito Eduardo Pimentel e o secretário de Educação, Jean Pierre Neto. Foto: José Fernando Ogura/SECOM

Educação pública não é custo é o investimento mais rentável que uma cidade pode fazer. Curitiba, capital da mobilidade social, mostra como a escola transforma a vida econômica das famílias e o capital humano da comunidade.

Educação pública não é custo, é o investimento mais rentável que uma cidade pode fazer. Segundo o Banco Mundial, cada ano a mais de estudo pode elevar a renda familiar em até 15%, comprovando que a escola é uma das ferramentas mais eficazes para combater a pobreza e promover a mobilidade social.

O impacto econômico da educação é real e mensurável. Um levantamento do Banco Mundial e da Organização Internacional do Trabalho (OIT) mostra que o aumento da escolaridade está diretamente ligado à geração de renda e ao desenvolvimento local.

No Brasil, dados do IBGE revelam que pessoas com ensino médio completo ganham, em média, 70% a mais do que aquelas que não concluíram essa etapa. Já quem alcança o ensino superior tem uma renda três vezes maior do que quem parou no fundamental.

Esses números traduzem o que muitas prefeituras já colocam em prática: investir em educação é investir em justiça social, produtividade e futuro.

A escola no combate à pobreza

As prefeituras que enxergam a educação como política de base estão transformando suas redes em centros de apoio comunitário. Programas de educação em tempo integral, reforço escolar e merenda nutritiva são parte de uma estratégia ampla que vai além do conteúdo pedagógico.

Manter o aluno na escola significa reduzir o risco de evasão, do trabalho infantil e da vulnerabilidade social. Em muitas famílias, a refeição servida na escola é a mais completa do dia, garantindo segurança alimentar e equilíbrio econômico.

Essas políticas criam um efeito em cadeia: o aluno aprende mais, os pais conseguem trabalhar com tranquilidade e a comunidade ganha estabilidade social. A escola, assim, deixa de ser apenas um espaço de ensino e se torna um pilar de cidadania e equidade.

EDUARDO PIMENTEL e o Secretário Jean Pierre Neto na linha de frente da educação de Curitiba. Foto: Secom

Professores: coração da transformação

Por trás de cada avanço educacional está o trabalho de professores engajados, que vão muito além da sala de aula. Eles são mentores, conselheiros e, muitas vezes, o primeiro contato das famílias com o poder público.

Com olhar sensível e dedicação diária, esses profissionais ajudam a identificar vulnerabilidades, estimular a autoestima e abrir caminhos de aprendizado e convivência.

Por isso, valorizar e formar continuamente os docentes é uma das chaves do sucesso. O investimento em capacitação, saúde emocional e condições de trabalho fortalece não só a escola, mas toda a rede social que se forma em torno dela.

Educação que Muda a Cidade

O impacto da educação ultrapassa os muros da escola. Cada aluno que permanece no ensino regular é um cidadão com mais chances de acesso ao emprego, à renda e à vida comunitária ativa. Com políticas municipais articuladas, a educação pública se consolida como o eixo central do desenvolvimento urbano e social, ampliando oportunidades, gerando empregos e promovendo a justiça econômica.

Curitiba é um exemplo prático dessa consolidação. A capital paranaense é reconhecida como a cidade com maior índice de mobilidade social no país, um resultado que está diretamente ligado aos investimentos estratégicos na rede pública.

O Secretário Municipal da Educação, Jean Pierre Neto, detalha os programas que colocam Curitiba na vanguarda da educação pública e social. Questionado sobre o impacto do ensino integral e do reforço escolar como ferramentas de segurança e produtividade familiar, Jean Pierre Neto destacou o avanço na oferta:

“A educação integral em tempo ampliado já está presente em 100% das unidades escolares da rede municipal de Ensino de Curitiba, beneficiando 35,5% dos estudantes, um índice que supera com folga a meta de 25% prevista pelo Plano Nacional de Educação.”

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O Secretário de Educação de Curitiba explica que a ampliação do atendimento prioriza escolas situadas em territórios com maior vulnerabilidade socioeconômica. Essa estratégia é crucial para a qualidade: “Graças a essas estratégias, Curitiba consolidou-se como a terceira capital com o melhor Ideb nos anos iniciais do Ensino Fundamental, reforçando o compromisso da cidade com uma educação pública de qualidade e com oportunidades iguais para todos os estudantes,” afirmou Jean Pierre Neto.

Ele também detalha as ações focadas no desempenho individual: o programa Potencializando Saberes oferece mais atenção ao aluno que precisa recompor sua trajetória escolar, inclusive com aulas não obrigatórias aos sábados. Este programa se organiza com:

  • Escolas de maior vulnerabilidade social (72 unidades): Aporte financeiro, assessoramento técnico e ampliação do quadro de profissionais para atendimento no apoio pedagógico, em contraturno escolar.
  • Demais escolas: Apoio pedagógico na modalidade de extensão de carga horária.
  • Todas as escolas: Projeto Potencializando Saberes Migrantes e Potencializando Saberes – Sábado.

O Secretário citou ainda o projeto Curitiba Leitora, que atende todas as etapas escolares, visando incentivar o hábito da leitura e formar “leitores críticos, reflexivos e autônomos.”

Para combater a evasão, foi lançado o Curitiba Presente, um conjunto de medidas para assegurar a assiduidade dos estudantes. “Entre as ações em desenvolvimento nas escolas e Centros Municipais de Educação Infantil (CMEIs) estão a premiação com um selo de presença, termômetro de frequência, milhas pedagógicas e cartas de reconhecimento, entre outras, além de uma grande campanha publicitária,” detalhou.

Valorização e formação docente

Sobre a valorização e formação dos professores, o Secretário de Educação Jean Pierre Neto garantiu a oferta permanente: “A Secretaria Municipal da Educação oferta formação continuada de maneira permanente. São ofertados cursos, formações e palestras sobre temas variados ao longo de todo ano.”

Ele acrescentou que o Departamento de Saúde Ocupacional da SMGP dá suporte à saúde mental dos profissionais e que, em 2026, haverá a revisão da legislação do Plano de Cargos, Carreira e Remuneração dos servidores da Prefeitura de Curitiba.

Questionado sobre como a Secretaria utiliza dados para direcionar investimentos e maximizar o impacto na geração de renda, Jean Pierre Neto disse:

“Ferramentas e indicadores próprios (como a Prova Curitiba, o BI da Educação) ou dados de outras fontes (IBGE, governo federal/Inep etc) são utilizados para balizar políticas públicas. Com base nos dados, direcionamos ações, projetos ou programas buscando sempre o que é melhor para o aluno, o melhor resultado pedagógico. O Potencializando Saberes e o Curitiba Presente, citados acima, são dois exemplos de como indicadores balizam as ações do poder público.”

A visão do gestor: o prefeito e o legado urbano

A visão estratégica do Secretário complementa as prioridades do Prefeito Eduardo Pimentel, que considera a educação um investimento de R$ 2,7 bilhões previstos para este ano. Entrevistamos o prefeito de Curitiba, Eduardo Pimentel. Veja o “papo” a seguir:

Tribuna: Avanços e Inovação como Capital Social: Curitiba é frequentemente reconhecida por inovações em diversas áreas. No contexto da educação como motor de renda e justiça social, quais são os avanços mais significativos da rede municipal que já estão gerando um impacto positivo e mensurável na vida econômica das famílias e na qualidade do capital humano da cidade?

Eduardo Pimentel: Educação é prioridade, e estamos aliando várias frentes onde os espaços educacionais podem fazer a diferença também na vida econômica das famílias. Na rede municipal de ensino, desde a Educação Infantil, nossas crianças desenvolvem atividades de aprendizagem criativa que incentivam a criatividade, a autonomia, a inovação, e isso fará a diferença por toda a vida delas. Uma ação que merece destaque nesse caso é especificamente o empreendedorismo, que aprendem já na escola a empreender. É um viés pedagógico que enriquece o repertório da criança, e depois ela multiplica o conhecimento junto à família a amigos. Nossos estudantes já produziram itens de artesanato, aprendem gastronomia, enfim, habilidades que podem gerar renda futuramente.

O Programa Empreendedorismo na Escola já está impactando cerca de dois mil estudantes com atividades que os estimulam a desenvolver o espírito empreendedor, aprendendo conceitos como criatividade, inovação, protagonismo e planejamento. É realizado por meio de parceria da Prefeitura, através das secretarias municipais de Desenvolvimento Econômico e Inovação e de Educação, com o Sebrae-PR.

Outro exemplo importante que impacta no bem-estar da família é o Sine Móvel, que a partir deste mês de outubro está nas escolas para que os pais e responsáveis pelas crianças possam buscar vagas sem precisar sair do bairro, aproveitando que vão levar o filho para a aula. Essa é mais uma iniciativa da nossa gestão que busca levar o serviço para mais perto do cidadão.

Importante destacar neste contexto que Curitiba é a capital com maior índice de mobilidade social no Brasil. O resultado está no Atlas da Mobilidade Social Brasil, lançado em junho deste ano pelo Instituto de Mobilidade e Desenvolvimento Social (IMDS). O estudo aponta que 58,9% curitibanos nascidos entre 1983 e 1990 nas famílias com menor renda na cidade se tornaram adultos que subiram aos 50% da população com maior renda.

Tribuna: Educação como Legado Urbano: Olhando para o futuro, qual é a sua expectativa de legado para Curitiba a partir das políticas educacionais atuais? Em cinco anos, como a educação pública municipal terá impactado a renda média da população e o índice de justiça social da cidade?

Eduardo Pimentel: Além dos conteúdos curriculares, nas escolas de Curitiba ensinamos nossas crianças a respeitar a família, os professores, a cidade. Sempre que visito uma escola faço um combinado com os pequenos, que em casa respeitem os pais, na escola respeitem os professores.

Crianças que crescem valorizando sua história e sua família vão respeitar e valorizar o lugar onde vivem e trabalham, construindo uma cidade justa e com oportunidades.

Uma educação de qualidade garante mais oportunidades, forma melhores profissionais, prepara para o mercado de trabalho e forma cidadãos. Não por acaso temos em Curitiba um histórico de educação de qualidade e uma cidade dinâmica, com oportunidades de emprego. Cada vez mais vamos tentar inserir novas tecnologias e inovação nas escolas municipais.

Tribuna: Prioridade Orçamentária e a Visão do Gestor: Em um cenário de recursos finitos, o senhor defende que educação não é custo, é investimento. Como o município garante que a educação permaneça no topo da prioridade orçamentária, especialmente em programas de alto impacto social, como o tempo integral e a valorização do magistério, blindando-os de contingenciamentos?

Eduardo Pimentel: Educação de qualidade vai muito além do orçamento. Temos um orçamento robusto, sim, para a Educação são R$ 2,7 bilhões previstos para este ano. Mas trabalhamos com responsabilidade e planejamento, buscamos para melhorar os índices educacionais, as condições de trabalho dos profissionais da área e o bem-estar dos estudantes.

Já nomeamos 553 servidores para a Educação, entre professores de Educação Infantil, profissionais do magistério e auxiliares de serviços escolares. Também foi feita a contratação pelo processo seletivo simplificado (PSS) de 107 agentes de apoio educacional. Temos feito chamamentos constantes para reforçar o quadro de pessoal nas escolas, e isso prossegue. Destaco ainda o pagamento de R$ 6,4 milhões ao grupo de professores de Educação Infantil que fizeram a transição em 2024.