Dados do Inep e do IBGE mostram que a evasão continua sendo um dos principais gargalos do Ensino Médio: em 2023, 5,9% dos alunos deixaram a escola antes de concluir o ano.
Ao mesmo tempo, a inclusão digital, cada vez mais essencial para o aprendizado, ainda é desigual. Embora 93,6% dos lares brasileiros tenham acesso à internet, a realidade escolar é diferente principalmente em áreas rurais e nas periferias, onde o sinal é precário ou inexistente.
Essas disparidades impactam diretamente a qualidade da aprendizagem. O Ideb 2023 registrou média de 4,3 pontos no Ensino Médio, abaixo da meta nacional e revelando um desafio persistente: manter o aluno na escola e garantir que ele aprenda.
O Paraná como exemplo de reação

Enquanto o Brasil tenta equilibrar o acesso e a qualidade, o Paraná vem se destacando pelos resultados. Segundo o Anuário da Educação Básica 2025, do Todos Pela Educação, o Estado reduziu em mais de 80% a taxa de abandono escolar no Ensino Médio nos últimos dez anos de 6,8% em 2014 para 1,3% em 2024.
No Ensino Fundamental II, o número é ainda menor: 0,2% de abandono, o melhor índice do país. O resultado é fruto de uma combinação de estratégias que envolvem monitoramento diário da presença dos estudantes, busca ativa, apoio financeiro e infraestrutura tecnológica.
Monitoramento e busca ativa
Desde 2019, a Secretaria de Estado da Educação (Seed-PR) mantém o Programa Presente na Escola, que identifica faltas e aciona famílias rapidamente. Em casos de ausência prolongada, o Sistema Educacional da Rede de Proteção (Serp) faz visitas domiciliares e atua em conjunto com conselhos tutelares e o Ministério Público, evitando que o estudante abandone definitivamente a escola.
O Registro de Classe On-line, aliado a ferramentas de análise de dados como o Power BI, permite um acompanhamento em tempo real da frequência e do desempenho escolar, dando base para intervenções mais rápidas e assertivas.

Conectividade e tecnologia a serviço da permanência
Hoje, 100% das escolas estaduais do Paraná têm acesso à internet — seja por banda larga, wi-fi ou satélite (Starlink). Em 2025, o Estado levou conexão de alta velocidade a 159 escolas indígenas e quilombolas e ampliou a rede de transmissão de 25 Gbps para 100 Gbps, tornando-se referência em infraestrutura digital na educação pública.
Além disso, o Paraná lidera o ranking nacional de escolas com laboratórios de informática: 97% das unidades de Ensino Médio contam com o espaço, contra 73% na média nacional.
Para enfrentar as causas econômicas da evasão, o Estado também apoia o Programa Pé-de-Meia, iniciativa federal que cria uma poupança para alunos de baixa renda do Ensino Médio. A Seed-PR capacita escolas e faz o monitoramento dos dados de matrícula e frequência para garantir que o benefício chegue a quem tem direito.
Outras medidas, como o reforço no transporte escolar, a entrega gratuita de materiais e a parceria com a área da saúde, ajudam a reduzir as ausências e ampliar a permanência.
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Educação profissional e novos caminhos
Outro ponto de avanço é a expansão da Educação Profissional e Tecnológica (EPT). A oferta de cursos técnicos integrados ao Ensino Médio busca aproximar os jovens do mercado de trabalho e tornar a trajetória escolar mais atrativa.
Com políticas de acompanhamento mais próximas, tecnologia e diálogo com as famílias, o Paraná vem se consolidando como um dos estados que mais reduziram a evasão escolar no Brasil. O desafio agora é manter o estudante na escola e garantir que ele aprenda mais e melhor condição essencial para o futuro da educação brasileira.