Com o avanço das redes sociais, a forma como os jovens consomem informação mudou radicalmente. Dados recentes mostram que cerca de 70% dos adolescentes brasileiros se informam principalmente por plataformas digitais. Diante desse cenário, o desafio das escolas vai além de ensinar a ler textos: é preciso ensinar a ler o mundo digital.
É nesse contexto que o projeto Ler e Pensar, iniciativa da Gazeta do Povo em parceria com o Instituto GRPCOM, se reinventa. Reconhecido nacionalmente por sua atuação na formação de leitores críticos a partir do uso do jornal em sala de aula, o programa agora amplia seu horizonte para a alfabetização midiática e digital, capacitando professores para trabalhar com múltiplas plataformas informacionais.
O objetivo é simples, mas essencial: transformar a mídia impressa, digital e social em ferramenta pedagógica. Assim, o professor deixa de ser apenas mediador de conteúdo e passa a atuar como curador de informação, ajudando os alunos a navegar com segurança, identificar fake news e interpretar diferentes formatos de comunicação.
Da notícia à análise crítica
Nas formações do Ler e Pensar, os professores são estimulados a explorar novas linguagens da mídia e a construir atividades que conectem o jornalismo ao cotidiano digital dos estudantes. A proposta inclui o uso de notícias, vídeos, podcasts, memes e publicações de redes sociais como ponto de partida para discussões em sala, sempre com foco na verificação de fontes, ética da informação e pensamento crítico.
Ao colocar o jornal e as mídias digitais lado a lado, o projeto promove um ambiente de aprendizado dinâmico, no qual o aluno é protagonista e o professor atua como guia. Essa abordagem reforça a importância de discutir temas como desinformação, discurso de ódio e o papel da mídia na sociedade, preparando os jovens para se tornarem cidadãos digitais conscientes.
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Capacitação e impacto nas escolas
O Ler e Pensar oferece formações gratuitas e certificadas para professores, com cursos alinhados à BNCC e temas contemporâneos como leitura crítica da mídia, cidadania digital e produção de conteúdo educativo. Por meio dessas capacitações, educadores aprendem a incorporar as mídias digitais ao planejamento pedagógico, usando-as como aliadas na construção do conhecimento.
A experiência tem mostrado resultados expressivos: alunos mais engajados, maior capacidade de argumentação e um olhar mais atento sobre o que circula online. Para os professores, o ganho está na ampliação do repertório pedagógico e na confiança para lidar com o universo digital de forma responsável e criativa.
O futuro da educação midiática
Ao completar 26 anos, o projeto reafirma seu compromisso com a formação de professores protagonistas e com a atualização das práticas pedagógicas frente às novas demandas do século XXI. No ambiente escolar, o jornal continua sendo uma ferramenta central, mas agora integra um ecossistema que inclui vídeos, podcasts e redes sociais, todos usados com propósito educativo.
O Ler e Pensar mostra que ensinar a ler não é apenas decifrar palavras, mas compreender contextos, checar informações e construir sentido. É formar cidadãos capazes de pensar por conta própria, em um mundo onde a informação nunca dorme.
Gestora do Ler e Pensar explica impacto das mídias digitais na formação docente
No diálogo com a gestora do projeto Ler e Pensar e professora universitária Fabiane Picheth, ela detalha como a iniciativa tem incorporado a tecnologia e contribuído para a formação crítica dos professores.
Sobre o uso das mídias digitais na formação dos educadores, Fabiane Picheth destaca que o projeto oferece “espaços formativos exclusivos, como a Comunidade Conecta LeP, um grande espaço digital com conteúdos interativos, ebooks, vídeos, projetos, dicas pedagógicas e curadoria de literatura, promovendo a inclusão digital e a disseminação dos materiais para participantes de todo o Brasil”. Ela acrescenta que a Plataforma EaD possibilita cursos online com certificação, reforçando a formação contínua dos professores.
Quanto ao combate à desinformação, Fabiane Picheth explica que o Ler e Pensar disponibiliza materiais específicos sobre Cidadania Digital, que exploram de maneira lúdica e reflexiva a temática. “Um dos canais mais acessados na Comunidade Conecta LeP é o de Dicas Pedagógicas, que permite trabalhar com textos da Gazeta do Povo para estimular reflexão, debate, pesquisa e um olhar crítico em todas as etapas de ensino, da Educação Infantil ao Ensino Médio”, afirma.
Professora Mary Sônia Dutra de Alencar destaca avanços na aprendizagem dos alunos
A professora Mary Sônia Dutra de Alencar, do Colégio Nossa Senhora do Carmo, em Parintins (AM), observa melhorias significativas na participação e aprendizagem de seus alunos. “Desde que comecei a realizar os cursos oferecidos pela plataforma Ler e Pensar, percebo avanços na minha prática docente. A qualidade do meu planejamento pedagógico e das atividades propostas foi aprimorada de forma contínua, refletindo diretamente na participação e na aprendizagem dos estudantes, que se mostram mais engajados, críticos e interessados nos temas abordados”, explica.

Mary destaca que os conteúdos do programa estão alinhados à realidade dos alunos, tornando o aprendizado mais contextualizado. Ela cita como exemplo o projeto “Nosso mascote é um santo gato”, em que os alunos trabalharam diferentes gêneros textuais – jornalístico, científico e narrativo – a partir da leitura de mundo e da valorização do território local. “O mascote, inspirado em um gato real adotado pela comunidade escolar, tornou-se símbolo afetivo e ponto de partida para múltiplas leituras e produções. Cada recurso do LeP contribuiu para tornar a leitura uma experiência transformadora, conectada com território, identidade e afetos dos alunos”, conclui.

Professora Miriam Carla Hilario observa fluência leitora e pensamento crítico
Na Escola Municipal Mateus Leme, em Apucarana (PR), a professora Miriam Carla Hilario relata que o uso dos recursos do Ler e Pensar aumentou o engajamento dos estudantes, ampliou o repertório cultural e fortaleceu a capacidade crítica e argumentativa. “Os alunos passaram a demonstrar interesse mais consistente pelos textos jornalísticos e maior disposição para expressar suas opiniões, relacionando os temas abordados com situações do cotidiano”, afirma.
Segundo Miriam, os cursos EaD, lives, conteúdos interativos, ebooks e a assinatura da Gazeta do Povo foram fundamentais para aprimorar suas práticas pedagógicas. “Esses recursos tornaram as aulas mais atrativas, diversificadas e alinhadas às competências leitoras previstas na BNCC, promovendo fluência, compreensão de diferentes gêneros textuais e expressão estruturada de opiniões”, explica.

Professora Lilian Mara Peres Ferreira é premiada pelo trabalho com alunos T21
A professora Lilian Mara Peres Ferreira, da Escola Novo Caminhar Aps Down, em Londrina (PR), foi premiada em primeiro lugar na categoria Educador Social na Ação Premiada do Ler e Pensar 2025, anunciada em 13 de outubro. O prêmio reconhece projetos autorais desenvolvidos com alunos com síndrome de Down e mais detalhes estão disponíveis neste link.
Lilian destaca que os alunos se envolveram de forma surpreendente, expressando-se mais e reconhecendo-se como autores e cidadãos capazes. “O uso dos recursos do programa foi essencial para fortalecer as práticas pedagógicas. Desenvolvemos livros autorais, nos quais os alunos escreveram e desenharam suas próprias histórias, promovendo aprendizado significativo e autonomia”, explica.

Ela também ressalta o impacto das formações do Ler e Pensar. “Participar de todos os cursos EaD, lives e atividades interativas ampliou meu olhar, permitindo criar práticas que despertassem interesse e participação de todos. O Café do LeP foi um momento de troca e inspiração que renovou minhas ideias e meu amor pelo ensino”, afirma Lilian, que concorreu na categoria Educador Social devido à atuação em associação de pais e amigos de pessoas com Síndrome de Down, mesmo sendo pedagoga, psicopedagoga e neuropsicopedagoga.