Projeto Fruit Trees: Iniciativa quer incrementar a terra dos pinheirais 

Iniciativa quer incrementar a terra dos pinheirais 

Bernardo e os voluntários do projeto Fruit Trees na Praça Ouvidor Pardinho. Foto: Divulgação

Projeto Fruit Trees é exemplo de como iniciativas comunitárias podem promover a sustentabilidade urbana

Por Danielle Blaskievicz, especial para a Tribuna PR

Elas estão por todos os lados, da imponente araucária – símbolo do Paraná e de sua capital dos pinhões e pinheirais –, aos floridos ipês e ainda os elegantes liquidâmbares que colorem as canaletas dos ônibus, Curitiba é hoje uma das cidades mais arborizadas do Brasil. Hoje são aproximadamente 320 mil árvores nas vias públicas e, se depender do publicitário Bernardo Correa Silva, esse número vai continuar crescendo.  

Ele é o idealizador do projeto Fruit Trees que visa melhorar a vida da população por meio de ações que conciliam cidadania e ecologia. O objetivo do Fruit Trees é envolver os moradores dos bairros na conservação ambiental das praças e parques. Por enquanto, o projeto está ativo em duas praças na região central de Curitiba: a Praça Oswaldo Cruz e a Praça Ouvidor Pardinho. 

A iniciativa começou em 2020, quando Bernardo se mudou de Chapecó para a capital paranaense. Durante a pandemia de COVID-19, ele começou a cultivar mudas a partir das sementes das frutas que consumia. O projeto rapidamente tomou forma e, atualmente, conta com a participação de 12 voluntários que se revezam nos cuidados com as plantas. 

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ESPÉCIES 

Árvores se transformam em viveiros ao ar livre no Centro de Curitiba. Foto: Divulgação

O foco é a plantação de árvores nativas da Mata Atlântica e algumas frutíferas, como amoreira, abacateiro, limoeiro, mirtilo e tangerina. O publicitário já investiu cerca de R$ 15 mil na compra de mudas e outros insumos, mas o sonho dele é ver seu projeto incorporado às iniciativas da Prefeitura de Curitiba.  

Isso porque, segundo ELE, o trabalho envolve a coleta do lixo reciclável nas praças e parques, o processo de compostagem para produzir adubo para as árvores, além da plantação das mudas e manutenção das árvores.  

BENEFÍCIOS 

Além de embelezar o cenário urbano, fornecer sombra, atuar no processo de retenção do dióxido de carbono (CO2) e fornecimento de oxigênio (O2), as árvores atuam para minimizar os efeitos do aquecimento global e auxiliam na drenagem da água do solo. Segundo os especialistas, elas ajudam a reduzir em até 10% o consumo de energia porque as folhas e as raízes contribuem para um efeito denominado moderação climática, com a liberação de umidade. Uma árvore sozinha seria capaz liberar 150 mil litros de água no meio ambiente por ano. 

Bernardo traz ainda outros dados: de acordo com ele, cada árvore da Mata Atlântica absorve aproximadamente 163 kg de gás carbônico nos primeiros 20 anos. Hoje, das 134 árvores plantadas pelo projeto Fruit Trees, cerca de 90 são espécies nativas da Mata Atlântica. 

Ele estima que em cada praça de Curitiba poderiam ser plantadas até 50 mudas de árvores. Se for considerar ainda a área dos parques da capital, essa marca pode subir pra 10 mil árvores em um espaço do porte do Barigui. Atualmente, Curitiba conta com 30 parques e bosques, além de centenas de praças. Bernardo enfatiza que uma das propostas é envolver a população dos bairros, permitindo uma reaproximação da natureza. “Vale à pena lembrar que o mal do século é a ansiedade e o contato com a terra, a conexão com a natureza, ajudam no processo terapêutico”, reforça.  

A guia de turismo Beatriz Battisti, 70 anos, descobriu o projeto quase por acaso, ao passear pela Praça Ouvidor Pardinho, no início deste ano, e viu Bernardo cuidando das árvores e tratando os passarinhos que estavam ali. Desde então, virou uma das integrantes ativas. “Sempre fui voltada para as questões de meio ambiente, sou fascinada pela natureza. Minha casa é uma floresta”, relata a voluntária. 

Bernardo destaca que a iniciativa busca não apenas plantar árvores, mas também fomentar o aprendizado e a evolução comunitária, reforçando a importância de conservar os espaços públicos e promover a preservação ambiental. “O envolvimento da população na manutenção desses espaços pode ajudar a reduzir a depredação e aumentar a consciência ambiental”, avalia.