Por Danielle Blaskievicz, especial para a Tribuna PR
Indo na contramão do ritmo acelerado do ambiente urbano, o Mata Atlântica EcoFestival tem ganhado destaque por sua abordagem inovadora e consciente, voltada para a sustentabilidade e a preservação ambiental. Às vésperas de sua terceira edição, que acontece entre os dias 1 e 15 de agosto em cidades da região do Bioma da Mata Atlântica e nos Campos Gerais, no Paraná, o evento vem agregando milhares de pessoas, entre moradores locais, esportistas, turistas, ambientalistas e artistas, em uma celebração vibrante que une esporte, cinema, arte e, principalmente, ações sustentáveis.
Classificado como “o maior festival de esportes de Aventura, Cinema e Arte do Sul do Brasil”, o Mata Atlântica EcoFestival 2024 terá atividades em municípios do Litoral, Serra do Mar, Grande Curitiba e, também, em São Luiz do Purunã, distrito de Balsa Nova, nos Campos Gerais. Este ano, cidades como Antonina, Piraquara, Quatro Barras, Pinhais, São José dos Pinhais, Araucária, Curitiba e Balsa Nova serão o cenário para atividades que privilegiam a vida ao ar livre e a natureza.
Nas duas primeiras edições, cerca de 8 mil pessoas participaram de provas e eventos esportivos, artísticos e culturais. Inspirado em eventos internacionais com o objetivo de estimular a valorização da natureza e o turismo sustentável, o Mata Atlântica EcoFestival se consolidou como um movimento em prol do meio ambiente, promovendo práticas ecológicas e incentivando a conscientização sobre a importância da preservação da floresta, tendo como cenário a Mata Atlântica, um dos biomas mais ricos em biodiversidade do planeta e, também, um dos mais ameaçados.
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“Queremos impulsionar o turismo de aventura e as manifestações artísticas, além de conscientizar sobre o papel de cada indivíduo no processo de preservação ambiental, que é tão urgente e necessário”, ressalta Aristides Athayde, um dos organizadores do EcoFestival.
O engenheiro civil Guilherme Malucelli, 50 anos, que é praticante de esportes outdoor no montanhismo e na canoa havaiana, salienta a importância da iniciativa, que tem como divulgar, estimular e conscientizar a prática dos esportes de aventura com interação de respeito ao meio ambiente. “O projeto Mata Atlântica EcoFestival, conta com um diferencial inovador em trazer ao cenário de esportes de aventura na natureza realizados no Paraná maior visibilidade e estímulo ao cuidado com o meio ambiente”, ressalta.
PÚBLICO DIVERSIFICADO
Aristides Athayde explica que o EcoFestival é um movimento que anda na contramão do Nature déficit disorder, o transtorno do déficit de natureza. “O acesso restrito a áreas naturais, ou seja, a nossa desconexão com a natureza, causa inúmeros problemas físicos e comportamentais. O que nós propomos é aumentar esse tempo ao ar livre, melhorar a qualidade de vida das pessoas e, por consequência, sensibilizá-las para as pautas ambientais”.
A programação é bastante diversificada para atender aos mais variados públicos. Estão previstas atividades esportivas para todos os níveis de dificuldade – como trilhas na Mata Atlântica, regata vela e voo, rapel em pedreira e outras –; exposições e intervenções artísticas, música, fotografia, gastronomia e moda, além de uma feira de produtores regionais instalada no Campo das Artes, em São Luiz do Purunã – o local é uma residência artística de propriedade do ator curitibano Luis Melo e um dos espaços oficiais do festival. Ainda na parte cultural, está previsto o III Festival de Cinema de Aventura, Vida ao Ar Livre e Natureza, com mais de 550 produções do mundo que já estão inscritas.
SUSTENTABILIDADE
A jornalista Danielle Milarski, que também faz parte da organização do evento, fala que todas as atrações são cuidadosamente planejadas para minimizar o impacto ambiental, priorizando, sempre que possível, o uso de materiais recicláveis e biodegradáveis. “Esse é o nosso foco principal, algo que também propagamos isso para os nossos parceiros”, destaca.
Ela explica que, à medida do possível, optam por materiais recicláveis, além de realizar um trabalho focado no tratamento de lixo. “Qualquer evento com muita gente vai existir o problema do lixo. Porém, como está totalmente focado para que as pessoas observem a importância da natureza, trabalhamos as práticas de conscientização o tempo todo. É uma luta, mas estamos conseguindo”, comenta. Os materiais de divulgação das edições anteriores, como é o caso dos banners, são transformados em bolsas e mochilas.
“O objetivo do festival é criar um espaço de reflexão e ação, onde as pessoas possam se divertir e, ao mesmo tempo, aprender sobre a importância da conservação ambiental. Queremos inspirar uma mudança de comportamento, mostrando que é possível viver em harmonia com a natureza”, afirma.
A professora Renata Ferreira, 54 anos, destaca a possibilidade de optar por uma variedade de atividades durante o festival, nas quais tem a oportunidade de encontrar pessoas com objetivos parecidos, em um ambiente mais próximo da natureza. “Visitei o Campo das Artes em 2023, que, além de ser um passeio, amplia a percepção da Região Metropolitana de Curitiba. O clima de inverno seco contribuiu para a cena. Encontrei um espaço de exposição e venda de produtores da região e de artistas de Curitiba. Pequenos e médios empreendedores que produzem pães, cosméticos, bolsas a bijuterias de feltro e muito material de fotografia. Tudo fazia sentido naquele lugar”, pontua.
Renata frisa ainda a importância da acessibilidade a esse tipo de espaço: “O desafio maior, me parece, é que essa natureza seja para todos, democratizada e popularizada, não apenas para quem pode consumir. Há quem diga que é necessário tornar todos consumidores. daí a questão é ‘consumidor de quê?’ Sustentabilidade é uma questão bem profunda e grande, reflete a professora, que já está se organizando para acompanhar a programação deste ano.