Por Danielle Blaskievicz, especial para a Tribuna do Paraná
O Brasil tem 9,4 milhões de pessoas desocupadas segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) Contínua, divulgada em abril pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Ao mesmo tempo, sobram vagas em diversos setores por falta de mão-de-obra qualificada.
Uma pesquisa de 2022 da consultoria de recursos humanos ManpowerGroup mostrou que, entre 40 países, o Brasil ocupa a nona posição no ranking de mercados onde há mais falta de mão de obra qualificada. Entre os empregadores brasileiros, 81% disseram ter dificuldade para encontrar trabalhadores com a qualificação necessária – a média global é de 75%.
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A conta, que não fecha, impacta o setor produtivo e prejudica até mesmo a economia do país, uma vez que o desemprego inibe o consumo em geral. Jane Carla Claudino, pedagoga que atua na Coordenadoria de Educação e Tecnologia no Senac Paraná, comenta que, com as inovações tecnológicas, as mudanças no mercado de trabalho estão ocorrendo ainda mais rapidamente, alterando drasticamente o ambiente profissional. “Muitas profissões estão deixando de existir, outras estão se transformando”, enfatiza.
A pedagoga salienta que acompanhar essas mudanças e avaliar os impactos em cada área de atuação é fundamental para quem quer se manter atualizado e, principalmente, garantir sua empregabilidade e competitividade no setor em que atua.
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Além de saber desempenhar um ofício adequadamente, manter a competitividade pode significar, inclusive, que o profissional tenha capacidade para criar seu próprio espaço no mercado de trabalho. “Alguns serão profissionais multicarreiras, desenvolvendo um trabalho durante o dia e outra atividade à noite”, analisa Taís Targa, que é psicóloga e especialista em carreira e recolocação sobre a importância da profissionalização e do aprimoramento constante.
Taís também destaca que a tendência é aumentar o número de profissionais autônomos, trabalhadores que obtêm renda e reconhecimento no mercado independentemente de um vínculo empregatício com uma organização. “O profissional deve ter em mente que deve passar o resto da vida estudando”, enfatiza. A especialista explica que já existe até um termo específico para se referir a esse constante aprendizado: “life long learning”. “É a capacidade do profissional entender que vai ter que estudar para o resto da vida. Que ele vai precisar se reinventar sempre ao longo da carreira”, explica.
Monique Caldeira que o diga. Ela optou por deixar a carreira jurídica de lado faltando menos de um ano para terminar a faculdade de Direito e já estagiando na área. A falta de identificação com a profissão e o cenário do mercado a impulsionaram a investir em outro setor, completamente diferente: “nail designer” – designer de unhas – e instrutora de cursos para manicures e pessoas que querem entrar na área. Hoje ela afirma estar completamente realizada, fazendo o que gosta e em um mercado em franca expansão.
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No entanto, engana-se quem pensa que a vida de Monique ficou mais fácil só porque deixou as leis de lado. O aprendizado, segundo ela, só mudou de foco. A nail designer começou a trabalhar com alongamento e embelezamento de unhas quando morava em Portugal. Lá, fez diversos cursos e capacitações para conhecer todas as técnicas disponíveis para oferecer às clientes. Quando vinha ao Brasil, nas férias, aproveitava para descobrir novos produtos e se aprofundar nas técnicas mais pedidas por aqui. “Eu estou sempre me atualizando para poder oferecer às minhas clientes e alunas as melhores técnicas e produtos disponíveis. E, no Brasil, as mulheres são muito vaidosas, o que exige ainda mais conhecimento da profissional que quer oferecer um bom trabalho”, pontua.