Por Danielle Blaskievicz, especial para a Tribuna do Paraná
A falta do registro na carteira de trabalho ou a obrigação de bater ponto diariamente em um ambiente corporativo não significa estar desempregado ou sem remuneração. O conceito de trabalho mudou muito nos últimos anos. Hoje existem diversas formas de ocupação que geram rentabilidade, seja a tradicional CLT, autônoma ou tantas outras que surgiram.
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Em 2022, o Brasil foi o país do G20 – fórum de cooperação econômica internacional que conta com as principais economias mundiais – com maior queda na taxa de desemprego, que recuou de 13,1% para 8,9%. Pelos dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), eram 9,5 milhões de brasileiros em busca de oportunidades de trabalho, a menor taxa desde julho de 2015, o que já apontava para recuperação do mercado de trabalho.
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Já as estimativas mais recentes do Instituto de Pesquisa Econômica e Aplicada (IPEA), de julho de 2023, mostraram que, após um período de acomodação, o mercado de trabalho brasileiro segue apresentando resultados positivos, combinando aumento da população ocupada, queda da taxa de desocupação e expansão da massa salarial.
DESAFIOS
Lidar com essas estatísticas é desafiador para qualquer pessoa que tenha boletos a pagar. Porém, há uma parcela da população que encara essas notícias com ainda mais preocupação: são os profissionais que estão entrando agora no mercado de trabalho e têm pouca ou nenhuma experiência e ainda não tiveram tempo de construir uma boa rede de relacionamentos – o tão cultuado “networking”.
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Laura Beatriz Bernardi Amaral, 22 anos, acabou de concluir a graduação em Psicologia e conta que, apesar de estar fazendo estágio desde o início da faculdade, estava bastante preocupada com esse momento de transição após a conclusão do curso. Medo e ansiedade foram sensações recorrentes que ela vivenciou nos últimos 12 meses ao pensar na possibilidade de ficar parada e sem conseguir um emprego.
Porém, poucos dias antes de encerrar as aulas e de finalizar o último contrato de estágio, Laura foi contratada como assistente de RH, seu primeiro emprego CLT. “Eu buscava por uma posição no setor de recrutamento e seleção e sempre tive interesse em conhecer outras áreas de Recursos Humanos e entendi que seria uma ótima oportunidade de aprendizado e crescimento”, comenta a jovem, relatando que os estágios em psicologia organizacional, escolar e do trânsito foram essenciais para consolidar o aprendizado sobre sua área e sobre o mercado de trabalho. “Em todos os estágios tive muita oportunidade de aprender”, avalia.
NOVAS OPORTUNIDADES
Mayara Mafra Esperandio Cortes, coordenadora de Inteligência de Mercado e Inovação do Senac/PR, destaca que o mercado de trabalho, hoje, oferece diversas oportunidades de atuação. Com isso, o termo “apostar” adquire um significado de investir e desenvolver a carreira. “A decisão de buscar oportunidades em empresas privadas ou públicas está intrinsecamente ligada ao planejamento pessoal e profissional”, pontua.
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A coordenadora destaca que profissionais com capacidade de se adaptar às mudanças e lidar com incertezas estarão em vantagem no cenário futuro, uma vez que são habilidades valorizadas no mercado. “Os profissionais devem estar dispostos a assumir diferentes papéis, aprender novas competências e se ajustar a ambientes de trabalho em constante evolução. A flexibilidade geográfica também pode se tornar mais relevante, com a possibilidade de trabalhar remotamente ou em equipes distribuídas globalmente”, ressalta.
Caio Infante, vice-presidente para a América Latina da Radancy, agência de publicidade focada no mercado de RH, alerta que não são só as profissões que estão mudando, mas inclusive o próprio profissional de recursos humanos. Segundo ele, o recrutador hoje precisa ter um perfil mais estratégico, saber tomar decisões pautadas em dados e fatos e sair do operacional.
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Além disso, Infante cita as especialidades dentro das mais diversas carreiras e cita o exemplo do RH, com o recrutador de pessoas de tecnologia – ou o “tech recruiter”. “Essa é uma das vagas super disputadas, porque no final do dia todas as empresas esbarram em ser tech e ter pessoas tech, ter talentos, ter e reter pessoas tech. Então, conhecer este mercado, sem dúvida alguma, é um grande desafio”, enfatiza.
O especialista reforça que a área de tecnologia, assim como a de logística, está entre as que mais têm crescido nos últimos anos e deve permanecer assim por muito tempo.
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Infante explica, no entanto, que isso não significa que as profissões tradicionais serão extintas. Ao contrário, serão sempre necessárias, porém tendo a tecnologia como aliada. “Hoje um médico pode tomar uma decisão de um laudo baseado em, um milhão de laudos semelhantes àquele que ele tem ali, de uma imagem, de um raio-x ou de uma ressonância. A própria tecnologia vai ajudar. O advogado também não precisa mais ler 200, 400, 600 páginas de um processo. Tem alguns softwares que já fazem esse tipo de leitura, de resumo e tudo mais”, observa.